*Com Flávio Calife, economista da Boa Vista
Na sexta-feira, 15, foi celebrado o Dia do Consumidor. Na esteira do sucesso da Black Friday, foi possível observar iniciativas do comércio para alavancar as vendas na data.
O Dia do Consumidor, contudo, ainda não aparece com o mesmo destaque das demais datas comemorativas no calendário do comércio.
De acordo com pesquisa realizada pela Boa Vista, quando questionados se a data incentiva a ida às compras, apenas 24% disseram que sim, contra 76% para quem não se trata de uma data comemorativa com essa característica, mas sim um momento para conscientização dos direitos dos consumidores.
Ainda assim, a pesquisa explorou a percepção dos entrevistados em relação ao Dia do Consumidor como uma data comemorativa no calendário do comércio.
Neste caso, o que mais incentivaria o consumo, na opinião dos respondentes, seriam os descontos (70%), seguidos pelas promoções (16%).
Entre os produtos que seriam mais procurados, destacaram-se eletrodomésticos (15%), eletrônicos, empatados com alimentos e bebidas (12%), itens para casa e decoração (11%) e moda e acessórios, empatados com telefonia celular (10%).
Ou seja, os consumidores esperariam por uma nova Black Friday, agora no primeiro semestre.
Mas seria interessante uma nova Black Friday? Se sim, para quem?
Historicamente, o mês de dezembro, que concentra as vendas para o Natal, é o mais importante para o comércio brasileiro.
Mais do que as festividades natalinas e as trocas de presente em si, por trás da forte sazonalidade das vendas de dezembro há um fator econômico relevante: o décimo terceiro salário, dividido em duas parcelas, uma paga até o final de novembro e a outra, até 20 de dezembro.
O mês de janeiro, por sua vez, sempre foi um período de grandes liquidações, quando o varejo “queima” os estoques de mercadorias que não foram vendidas no final do ano.
A partir de 2010, a Black Friday passou a fazer parte do calendário do comércio. Se, inicialmente, as promoções estavam restritas ao comércio eletrônico, em poucos anos elas chegaram também às lojas físicas.
Em 2018, em grande parte devido à Black Friday, novembro registrou a maior alta mensal das vendas do varejo no ano (3,1% em relação a outubro, já descontados os efeitos sazonais). Por outro lado, a maior queda mensal foi registrada em dezembro (-2,1% na comparação com novembro).
Isso seria um indício de que as promoções da Black Friday estariam não necessariamente alavancando as vendas, mas apenas antecipando o movimento do Natal.
De fato, quando comparamos a sazonalidade atual do comércio com a observada cinco anos atrás (em 2013, antes da crise econômica, portanto), notamos que as variações mais significativas ocorreram exatamente nos meses de novembro e dezembro.
Conforme é possível observar no gráfico abaixo, elaborado a partir dos dados da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, a participação do mês de novembro nas vendas do ano passou de 8,7% em 2013 para 9,1% em 2018 (alta de 0,4 ponto percentual).
Por outro lado, caiu de 11,1% para 10,7% (-0,4 ponto percentual) a participação das vendas de dezembro. Trata-se, portanto, de outro indício de antecipação das vendas.
Fonte: https://dcomercio.com.br/categoria/negocios/novas-datas-comemorativas-para-impulsionar-o-comercio